LOGÍSTICA



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LOGÍSTICA REVERSA: UMA ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO TEMA ATRAVÉS DE REVISÃO DA LITERATURA
Autores:
Gisele de Lorena Diniz Chaves (UFSCAR)
Rosane Lucia Chicarelli Alcântara (UFSCAR)

1. Introdução
Com o aumento da competitividade, as empresas buscam atender o cliente através do contínuo desenvolvimento de seus produtos, processos e serviços. Entre diversos fatores, a qualidade é considerada muitas vezes o principal determinante da competitividade, pois afeta diretamente a percepção do cliente em relação ao produto ou serviço prestado (Slack et al., 2007).
Segundo Montgomery (2001), a qualidade pode ser definida como um conjunto de atributos que tornam um bem ou serviço plenamente adequado ao uso para o qual foi concebido. De acordo com Slack et al. (2007), a qualidade pode ser definida como o grau de adequação entre as expectativas dos consumidores e a percepção deles  referente ao  produto ou serviço prestado.
Para manter um  padrão de qualidade, é preciso  fabricar  produtos  de  uma  forma similar e estável. Logo, é  importante  utilizar  métodos  para garantir a estabilidade, reduzindo a variabilidade dos processos e conseqüentemente produzindo produtos padronizados e conformes Montgomery, 2001). De acordo com Slack et al. (2007), o controle de processos é visto como uma atividade fundamental para alcançar vantagem competitiva. 
Uma das ferramentas mais utilizadas para garantir  a  estabilidade de processos é o Controle Estatístico de Processo (CEP). O CEP envolve um conjunto de ferramentas que utiliza cartas de controle para realizar  a análise estatística das médias e  das amplitudes  ou  desvios, permitindo monitorar a adequação e  estabilidade de um processo (ROSA, 2001). Segundo Michel e Fogliatto (2002), as cartas de controle são simples e eficazes, sendo muito utilizadas na prática do controle de qualidade. Elas  fornecem  uma visão nítida da estabilidade do processo e facilmente podem categorizar os dados obtidos em causas comuns e especiais de variação.
Usualmente é aplicado um par de cartas de controle para o monitoramento de cada variável de interesse.  Porém, quando se faz necessário o controle de  muitas  variáveis  de qualidade
simultaneamente, como na indústria calçadista, automotiva  ou  em montadoras de eletrodomésticos, a análise das respectivas cartas de controle pode se tornar inviável, já que
sua interpretação demandaria uma substancial parcela de tempo dos operadores.
Para facilitar essas análises, uma alternativa é a utilização do Controle Integrado de Processo (CIP). O CIP, proposto por Ribeiro  et al. (2001), é uma metodologia que  visa integrar diversas cartas de controle a partir de um banco de dados da qualidade. Dessa forma, pode-se visualizar de forma geral a eficiência de um posto inteiro de trabalho a partir de uma única carta de controle.
Entre outras vantagens, o CIP permite, através de um gráfico de pareto, priorizar esforços e melhorias nos postos de trabalho e ainda reduzir drasticamente o número de cartas de controle a serem analisadas e conseqüentemente o tempo despendido em análises e interpretações. A partir do banco de dados da qualidade, podem-se analisar seletivamente as cartas de controle da linha de produção ou  dos  postos de trabalho a fim de uma análise mais detalhada do processo.
De acordo com  Ribeiro  et al. (2001), a utilização do CIP é  promissora em ambientes produtivos onde haja um grande número de características de qualidade a serem monitoradas.
Assim, este trabalho apresenta uma estratégia de implantação do CIP baseada na metodologia proposta por Ribeiro et al. (2001), complementando com um estudo de caso em uma indústria do ramo metal-mecânico.
Após essa introdução, serão apresentadas as diferentes abordagens de controle estatístico de processo e suas utilizações. Também serão discutidas as metodologias de implementação de Controle Estatístico de Processo (CEP),  através da visão de  outros profissionais. Seguindo com uma breve descrição dos procedimentos metodológicos e passos para a implantação do
CIP. Finalmente, serão descritos os resultados dessa implementação e as análises decorrentes de um estudo de caso em uma empresa metal-mecânica, seguido da conclusão do artigo com as respectivas opiniões finais e referências.

2. Diferentes abordagens de controle estatístico de processo
Há diversas oportunidades e modos de  utilizar  o  controle estatístico de processo  em uma organização.  Em pequenas empresas, há  normalmente a necessidade de  controlar apenas características simples e  em menor número. Porém,  em empresas maiores,  onde  pode ser necessário  o  controle de  diversas características  correlacionadas em vários  postos de
trabalhos,  essa análise pode ser  mais complexa. De acordo com Montgomery (2001),  a maioria dos processos envolve diversas variáveis relacionadas, e o controle dessas variáveis separadamente pode conduzir a conclusões errôneas.
As características de um produto ou processo podem ou não estar correlacionadas entre si.
Assim, a forma de controlá-las  pode ser classificada conforme as estratégias de  controle: univariado e multivariado. As cartas de controle  univariadas são utilizadas  para  controlar variáveis ou atributos  específicos e  não  correlacionados, ou seja, independentes. Cada característica é controlada separadamente  (PYRLO, 2008). O  monitoramento de processos nos quais é necessário controlar diversas variáveis correlacionadas é chamado de Controle da Qualidade Multivariado.  Segundo  Moreira Júnior  e Caten (2004), monitorar independentemente  duas características correlacionadas pode  levar  a conclusões  errôneas, pois  a definição  entre causas comuns e causas  especiais torna-se confusa, podendo ser equivocada.
Os dois tipos de controles citados anteriormente pecam quando há um número muito grande de características  de qualidade  a serem controladas.  Para isso, surgiu a necessidade de um controle generalizado, que possa descrever como diversas características se desenvolvam em uma linha de montagem.
Conforme Caten e Ribeiro (1998), o CIP busca, com uma base estatística, o controle de um grande número de variáveis e atributos, facilitando a tomada de decisão gerencial. Assim, o CIP une diversas características de um posto de trabalho em uma  única  carta de controle global baseada em um parâmetro  comum, o percentual de defeitos.  Dessa forma, há a possibilidade de priorizar a ação sobre as características de qualidade com maiores problemas, e ainda controlá-las mais especificamente, graças ao banco de dados da qualidade. A partir deste ponto, pode-se  utilizá-la para a análise  tanto  do método univariado quanto  do multivariado.
A  implantação  do  Controle  Estatístico de  Processo envolve estabelecer as etapas para  a utilização dos controles de qualidade descritos anteriormente.  Sendo  adequadamente  conduzido, pode gerar  excelentes resultados e retornos. Porém, diversos casos relatados na
literatura envolvem muitos esforços e poucas melhorias (BREYFOGLE, 2003).  De acordo com Schissatti (1998), as diferenças de cultura entre organizações é a principal influência na implantação de um novo método de gestão. Segundo Montgomery (2001), o compromisso e o envolvimento da gerência com o processo de melhoria da qualidade é o componente vital para o sucesso do CEP.
Entre os diversos métodos de implantação do Controle Estatístico, serão descritos a seguir os métodos desenvolvidos por  Ribeiro  et al. (2001), Montgomery (2001),  Schissatti (1998) e Breyfogle (2003). Esses autores foram escolhidos devido ao reconhecimento de suas obras e a diversidade de critérios para a implantação do controle estatístico, abrangendo diferentes opiniões sobre o assunto.
Ribeiro et al. (2001) descrevem a implantação do controle estatístico em cinco macro-etapas: Definição do Projeto;  Planejamento da  Implantação;  Treinamento;  Implantação  Efetiva; Acompanhamento e Consolidação. A primeira etapa é subdividida em cinco sub-etapas, que estabelecem o escopo do projeto com objetivos e resultados esperados com a implantação, custos e cronograma. A segunda etapa define as características da qualidade sobre a ótica dos clientes e os processos onde elas são construídas. Ainda verifica a capacidade dos meios de medição e define os responsáveis pelos registros e ações caso o processo demonstre alguma anomalia. Na etapa seguinte, são estabelecidos diversos focos de treinamento tanto para os operadores de máquinas, quanto para os gerentes e diretores.  Na etapa da Implantação Efetiva, inicia-se a  coleta dos dados e a determinação dos limites de  controle das cartas de controle. Na última etapa, realizam-se diversas análises, tanto de estabilidade e capacidade do processo, quanto à avaliação da sistemática de ações e auditorias do processo.
Montgomery (2001) estabelece seis elementos para um programa de CEP bem sucedido: Liderança gerencial; Abordagem de equipe; Educação em todos os níveis; Ênfase na redução da variabilidade; Avaliação do sucesso em termos quantitativos (econômicos); Comunicação ampla dos resultados. Em seus primeiros elementos já é mencionada  a definição do CEP como uma ferramenta top down, ou seja, a alta gerência contribui diretamente dando apoio e suporte aos envolvidos. Isso demonstra que a cultura da organização possui grande influência na implantação do controle estatístico. Assim, ela pode ser enriquecida com a educação em diversos níveis hierárquicos da empresa. O autor defende enfaticamente a introdução de softwares específicos para a realização dos estudos e gerenciamento dos dados coletados, facilitando assim análises mais aprofundadas. Por fim, é aconselhada  a  ampla  comunicação dos resultados obtidos, tendo sempre uma comparação econômica das atividades realizadas.
Desta forma,  pode-se motivar e inspirar outros à melhoria dos processos, fazendo  dessa prática uma vivência normal da organização.
Schissatti (1998) sugere que a proposta de implantação do CEP deve ser flexível o suficiente para se adaptar às necessidades particulares de cada organização. Ele estabelece  em sua proposta de  implantação três grandes passos: Planejamento da Implantação; Metodologia Estatística de Avaliação para a Implantação; Gerenciamento de Processos e Estabelecendo a Rotina. No primeiro passo são definidos os objetivos do CEP e a seleção das características de qualidade  a serem controladas em seus respectivos processos. Depois, é estipulado um sistema integrado da qualidade, que possibilite o uso  rotineiro de  diversas ferramentas da qualidade,  e não apenas o CEP de forma isolada.  Seu segundo passo mapeia as fontes de variação, desde a variação das máquinas e da estabilidade do processo até a análise do sistema de medição. O último passo define os tipos de cartas de controle a serem utilizadas e as ações para reduzir as variações  em  estudo. Nessa etapa são realizadas diversas análises, inclusive testes de correlação.


Breyfogle (2003) descreve  um  modelo de implementação subdividido em 21 etapas, abordando uma visão mais transparente e focada em resultados. Em seu modelo para a implantação são enfatizados a avaliação do custo da má qualidade, a determinação da causa raiz e o foco em reduzir variabilidade com o auxílio de projetos de experimentos. A integração de diversas ferramentas da qualidade junto  à sistemática empresarial é, de fato, bem esclarecida. Em uma de suas etapas indica-se a utilização das ferramentas pertencentes ao Lean (Produção Enxuta), pois tanto este quanto o CEP procuram reduzir a instabilidade dos processos. O primeiro otimizando o fluxo e a cadeia de valor e o segundo melhorando os processos pertinentes a esta.  O autor define a implantação como um projeto empresarial, apontando um líder de projeto,  estabelecendo  cronogramas,  objetivos e, inclusive, consolidando ações e comunicando resultados.
De  forma geral, pode-se ressaltar que todos os autores mencionados  propõem que a implantação do Controle Estatístico de Processo deva ser apoiada pela gerência da empresa, ou seja, deve seguir uma orientação top down. Também se pode afirmar que todos os métodos anteriormente descritos sugerem a implementação de programas de treinamentos em controle de processo, buscando maior contribuição e participação de todos envolvidos.  Além  disso, destaca-se a comunicação dos resultados obtidos com a utilização desse novo controle a fim de motivar e inspirar outros participantes.
3. Proposta de implantação
Esse trabalho estabelece uma estratégia para a implantação do Controle Integrado de Processo (CIP). A proposta foi definida a partir da integração das propostas acima mencionadas, sendo subdividida em sete etapas, detalhadas a seguir: Análise da Organização, estabelece objetivos e abrangência do projeto; Formação de Equipe, determina o cronograma e a distribuição de tarefas;  Estruturação do Banco de Dados, estabelece os filtros das medições; Análise dos Processos, verifica tendências; Priorização das Características, define as características para atuarem; Determinação das Causas e Estabilização dos Processos, reduz a variabilidade dos processos; Manutenção e Divulgação dos Resultados, mantêm a implantação.
3.1 Análise da Organização
Na primeira etapa da implantação, devem-se estabelecer, de forma clara, os objetivos e resultados esperados com a implantação do CIP. Como mencionado nas propostas anteriores, a implantação deve  ocorrer  de forma  top down, ou seja,  necessita  partir da alta gerência e contar com seu  apoio.  Desta forma haverá disponibilidade de recursos para administrar o desenvolvimento do projeto e facilitar seu sucesso.
Nesta etapa, também  é verificada a abrangência do projeto. Define-se se o projeto ocupará toda a fábrica ou uma linha de produção específica. Algumas empresas optam em utilizar um projeto piloto para verificar seu desempenho antes de instaurar em toda a organização, porém, desta forma, os resultados do projeto serão postergados. Realizando um projeto piloto, desenvolvem-se tanto as pessoas, quanto as próprias ferramentas propostas pelo projeto, facilitando a implantação futura na fábrica.
3.2 Formação de Equipe
A partir deste ponto, é necessário formar uma equipe multifuncional  abrangente às diversas áreas de produção,  como qualidade, engenharia, manutenção, planejamento e supervisão de fábrica. Deste modo, reúnem-se participantes que conheçam em profundidade o processo. É importante  a realização de treinamentos para  os  envolvidos, pois sem conhecimento  dos conceitos de controle estatístico,  dificilmente o projeto  terá sucesso.  O treinamento não precisa ser uniforme a todos os participantes. Seu aprofundamento será dependente da área de atuação de cada  participante.  Por exemplo, um operador de máquina não  necessitará de conceitos de planejamento estratégico, enquanto um gerente não utilizará, em sua rotina, ferramentas para resoluções de problemas pontuais.


A partir deste ponto, deve-se criar um cronograma  para definir  as datas de realização dos treinamentos, das reuniões periódicas e da criação dos meios de divulgação do projeto, como banners e  pôsteres, estimando os recursos  e  custos necessários para o projeto. Um líder de projeto e sub-líderes devem ser indicados, o primeiro, para controlar e auxiliar os participantes e os demais para reduzir a variação dos processos.
A equipe deve também determinar indicadores de desempenho tais como defeituosos medidos em  partes por milhão (PPM), índice de capacidade, número de causas especiais,  custos produtivos (ex: custos com sucata e retrabalho), entre outros, a fim de verificar a eficiência de seu projeto. Cada sub-líder deve controlar seu processo e apresentar, com uma determinada freqüência, esses indicadores, a fim de  verificar se o processo está ou não melhorando conforme o desenvolvimento da implantação. O Controle Integrado de Processo é um projeto dinâmico e cíclico, pois há sempre alguma mudança na organização que possa interferir  na estabilidade dos processos, seja um novo produto, uma nova máquina, ou até mesmo uma nova linha de produção,  necessitando assim de  um acompanhamento a fim de manter seu banco de dados atualizado e funcionando.
3.3 Estruturação do Banco de Dados     
Uma linha de produção é constituída por diversos postos de trabalho. Ao decorrer dos postos ocorrem  transformações na matéria-prima, de modo que o que está sendo produzido se aproxima do produto final. Nessas transformações são obtidas ou alteradas as características de qualidade. Dependendo da organização,  pode haver, em seus registros de produção, um histórico destas características para um determinado produto ou processo. Em caso negativo, deve-se analisar os processos existentes e cadastrar as características relevantes em um banco de dados, a fim de viabilizar a coleta de dados e as análises futuras. Em caso positivo, deve-se verificar a consistência dos dados e iniciar a análise.
O CIP é estruturado a partir de um banco de dados, que contém diversas medições adquiridas ao longo do tempo.  É importante salientar que, na coleta das informações, é necessário especificar alguns filtros.  Esses  filtros são dados secundários da medição realizada que a acompanham a fim de acrescentar informação à medição,  como por  exemplo, data, hora, cavidade, máquina, operador e meio de medição. Há ocasiões que a instabilidade do processo provém de um filtro específico, como no caso de uma fundição de duas cavidades, sendo uma estável e a outra não, ou no caso de um produto artesanal que depende diretamente do operador. Esses filtros  variam conforme o processo,  porém,  pelo menos um deles  deve ser capaz de informar a ordem cronológica das medições e identificar variações e melhorias do processo ao longo dos dias.
3.4 Análise dos Processos
O  CIP busca agrupar as medições  realizadas ao longo dos processos, multiplicando as percentagens de defeituosos associadas às diferentes características monitoradas. No caso de atributos, a percentagem de defeituosos é a relação entre peças conformes e peças fabricadas.
Em variáveis, é a comparação de suas distribuições com as especificações de engenharia. Desta forma o CIP estabelece a probabilidade de uma peça conter todas as características conforme especificado,  podendo  monitorar, ao longo do tempo, em uma única carta de controle, todo o posto de trabalho, ou mesmo uma linha inteira de produção.
A Carta de Controle Global monitora uma linha de produção através do controle da média móvel do percentual de defeituosos de todas as características envolvidas nessa linha em um determinado  período de tempo. Com  a análise desta carta,  verificam-se tanto  as tendências ocorridas em toda a linha de produção, quanto as causas especiais associadas a algum fator inesperado.
O banco de dados possui as informações que indicam quais características estão contribuindo com maior intensidade para o percentual de defeituosos global. Assim, o CIP pode ser usado também  para  determinar o posto de trabalho que mais  produz não-conformidades.  Pode-se ainda, estabelecer uma Carta de Controle específica para controlar um determinado posto de trabalho, verificando apenas as características de qualidade atribuídas às operações realizadas por aquele posto. Um maior detalhamento da análise dos processos é apresentado em Ribeiro et al. (2001).
3.5 Priorização das Características
A  partir desta  fase,  através do CIP, há a  possibilidade de priorizar os percentuais de defeituosos de cada característica em forma de um Gráfico de Pareto. Desta forma, pode-se analisar e identificar as características  que mais influenciam  no desempenho global do produto ou processo, aproveitando melhor os esforços da equipe do projeto.
O Gráfico de Pareto Global é utilizado na linha de produção para determinar as características que possuem maior número de defeituosos,  enquanto que o Gráfico de Pareto Específico é utilizado de forma a priorizar as características de um único posto de trabalho. Desta forma, focalizam-se as ações da equipe nas características que mais interferem  na fabricação do produto, otimizando os recursos da organização.
Esses gráficos  podem utilizar um fator de ponderação  baseado no custo da possível má qualidade, estimando o custo  da realização de retrabalho ou sucateamento  de um produto, caso a característica  analisada  não  se apresente conforme as especificações.  Desta forma, priorizam-se as não-conformidades mais onerosas à organização, conseguindo  focar ações para reduzir os custos desta má qualidade.
Com a implantação do CIP, há a oportunidade de identificar as principais características que interferem nos produtos e processos que estão sendo monitorados. Ele possibilita, com uma visão gerencial, administrar a eficiência de uma determinada linha de produção, ou até mesmo, de uma determinada máquina. Desta forma, pode-se  utilizar  melhor o tempo e  os recursos disponíveis a fim de reduzir a variabilidade das características que mais interferem no produto final, reduzindo defeitos gerados em sua fabricação.

3.6 Determinação das Causas e Estabilização dos Processos
Após a definição dos postos de trabalho e das respectivas características que mais prejudicam a qualidade do produto, devem-se propor melhorias, coordenadas pelo sub-líder do projeto, a fim de reduzir a variabilidade dos processos.
Para identificar as causas desta instabilidade, pode-se aplicar as cartas de controle individuais, possibilitando a análise da evolução das características e as suas distribuições ao longo do tempo. Desta forma,  é possível a identificação das  causas comuns e especiais de variação.
Dependendo do processo, devem-se verificar possíveis correlações existentes entre características, ou entre parâmetros de processo, como temperatura e pressão, a fim de julgar melhor a análise a ser realizada (uni ou multivariada).
As causas especiais são geralmente resolvidas pelos operadores de máquinas e são devidas a alguma anomalia do processo, podendo ser provenientes de diversos fatores, como uma variação na temperatura do molde, ou um operador destreinado, por exemplo.


As causas comuns devem ser reduzidas pelo sub-líder do projeto, normalmente necessitando de estudos mais profundos para  resolver  esta variabilidade. Estes estudos  podem utilizar ferramentas  da qualidade  como Diagramas  de  Causa e Efeito, 5 Porquês,  5W1H (porquê, quem, quando, o quê, onde e como) entre outras, a fim de identificar a causa raiz dessa variabilidade. As causas raízes podem ser  devidas a algum componente do processo de fabricação, à gestão de manutenção de máquinas e ferramentas ou ao sistema de medição, por exemplo. Há diversas maneiras de reduzir essas causas,  como por exemplo: treinamento de operadores, realização de manutenções preventivas,  alteração do maquinário ou  do equipamento de medição e realização de projetos de experimentos, entre outras.
Ao final desta etapa, o sub-líder do projeto deve apresentar à gerência as ações realizadas para reduzir a variabilidade  do processo  e demonstrar sua eficiência a partir dos indicadores estabelecidos na etapa Formação de Equipe, demonstrando a redução de custos obtidos.

3.7 Manutenção e Divulgação dos Resultados
A fim de manter  a implantação  do CIP  em funcionamento, devem-se estabelecer auditorias periódicas que previnam  ocorrências de falhas na implantação e  possibilitem verificar oportunidades de melhoria na rotina dos processos. Também é importante acompanhar os indicadores de desempenho pré-estabelecidos, a fim de estimar a melhoria alcançada e a redução de gastos da linha de produção devido à má qualidade.
É importante  em uma  organização compartilhar  conhecimentos  e estudos  entre fábricas, departamentos ou setores, principalmente os  que obtiveram sucesso, pois  esta oportunidade facilita o desenvolvimento das diferentes  áreas da empresa e intensifica a padronização dos documentos  utilizados. Esta troca de conhecimentos ainda motiva  os trabalhadores a participar dos projetos em andamento, assim como a realizar novos projetos.

4. Resultados
A seguir é apresentada e discutida a implantação do CIP em uma empresa multinacional do ramo metal-mecânico, localizada na região sul do Brasil. As etapas são descritas conforme a metodologia  proposta (Seção 3),  começando pela análise da organização e formação de equipe, depois pela estruturação do banco de dados e a análise dos processos. Por fim, é feito o relato da priorização das características, da estabilização dos processos e da manutenção e divulgação dos resultados.

4.1 Análise da Organização
A  utilização do Controle Integrado de Processo foi estipulada pela gerência da empresa, visando à redução da variabilidade em seus produtos. Definiu-se que um único produto seria utilizado como projeto piloto,  a fim de testar a eficácia do projeto e, caso positiva, se implementaria aos demais produtos. O produto  a ser controlado foi o cilindro de um motor para motosserras, pois apresenta uma forma geométrica complexa, alta quantidade de características de qualidade a serem observadas e recebeu diversas reclamações de clientes nos últimos doze meses.

4.2 Formação de Equipe
A alta gerência definiu uma equipe específica visando à melhora da qualidade dos produtos e consequentemente a redução das reclamações dos clientes. Esta equipe foi composta por cinco participantes de diferentes processos: Fundição, Usinagem, Engenharia de Produto e
Qualidade. O objetivo da equipe foi recuperar a qualidade dos produtos e, para tal, uma de suas funções seria a realização de estudos de capacidade de processo. Um líder de projeto e três sub-líderes foram definidos a fim de controlar as características de qualidade e reduzir a variabilidade dos processos. Para as atividades da equipe, definiu-se um cronograma que  abrangia reuniões semanais para o acompanhamento dos resultados, treinamentos das ferramentas da qualidade e definição de recursos necessários para a realização das tarefas. A equipe foi apresentada para a fábrica com o intuito de divulgar suas intenções de melhorar a qualidade dos produtos e consequentemente reduzir a variabilidade dos processos.

4.3 Estruturação do Banco de Dados
A empresa já possuía as características de qualidade definidas a partir de um critério de funcionalidade e emissões de poluentes, assim como um registro das medições das diversas características, logo, faltava apenas analisar a consistência do mesmo. O agrupamento dessas medições  formou  um banco de dados com 238 características de qualidade. Os filtros de qualidade não estavam padronizados e bem definidos,  uma vez  que cada operador determinava o filtro que acompanharia a medição, dificultando análises futuras.
Para isso, foi realizada uma reunião a fim de determinar os filtros que seriam utilizados a partir daquele momento. Os filtros estipulados para as medições foram: Cavidade, Molde, Máquina, Meio de Medição,  Data  e Hora. Estes dois últimos possibilitaram organizar  uma sequência temporal dos valores, sendo utilizados para verificar o progresso das características ao longo do tempo. Os filtros Molde, Cavidade e Meio de Medição foram escolhidos por sua alta influência sobre a variabilidade observada no produto. Esta influência é percebida pelos técnicos e analistas do posto de trabalho Fundição e Usinagem e, por  esta razão, foi considerada para critérios de análises. O filtro Máquina foi definido pela equipe envolvida,pois se suspeitou a ocorrência de correlação entre esta e os diferentes moldes.

4.4 Análise dos Processos
Após a definição e padronização do banco de dados, tornou-se possível a obtenção da Carta de Controle Global. Em uma análise móvel de trinta medições, é estipulado o percentual de defeituosos de cada característica, nos cinco processos existentes. A multiplicação desses percentuais forma um valor  do gráfico apresentado na  Erro! Fonte de referência não
encontrada.

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