domingo, 4 de novembro de 2012

Faltam 150 mil engenheiros no País, diz Confea



Faltam 150 mil engenheiros no País, os que estão trabalhando aparecem entre os profissionais mais bem pagos do mercado e, mesmo assim, apenas 10% dos universitários brasileiros cursam carreiras ligadas às engenharias – sem contar os que devem desistir pelo caminho e abandonar a faculdade. Um cenário pouco animador que escancara um dos gargalos do sistema educacional – e que afeta a capacidade de produção e inovação da indústria.
Para se ter uma ideia, o País tem hoje seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas – nos Estados Unidos e no Japão, por exemplo, a proporção é de 25 engenheiros por mil trabalhadores, segundo Financiadora de Projetos (Finep), órgão do governo federal. O déficit de 150 mil profissionais foi projetado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Estima-se que, pelos investimentos que estão previstos, o Brasil precisaria de cerca de 300 mil profissionais de engenharia para os próximos cinco anos”, afirma José Tadeu da Silva, presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Ele cita as empresas que estão se instalando no País, obras do PAC, a Copa do Mundo e a Olimpíada. “Nos últimos dez anos, a média anual de emissões de registros tem sido de 43 mil, o que somaria 215 mil profissionais aptos para o mercado de trabalho em 2016.”
A falta de profissionais tornou os engenheiros os trabalhadores mais bem pagos do mercado – ao lado de médicos (que também existem em número inferior ao necessário) e graduados em carreiras militares – segundo estudo feito pelo economista Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro de Políticas Públicas do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e da Universidade de São Paulo (USP).
Com base nos dados do Censo, o economista reuniu informações sobre os 10,6 milhões de brasileiros com diploma universitário em 2010 (e os 5,4 milhões na mesma situação em 2000) e seus respectivos salários. A conclusão foi que, em média, um engenheiro recebe hoje remuneração mensal de R$ 7.156 – valor 20,6% superior ao salário médio da categoria em 2000.
Formação – A valorização do profissional e a carência deles no mercado ocorre porque, na última década, o número de formandos não acompanhou o ritmo dos novos postos de trabalho. “A demanda aumentou e a oferta diminuiu”, afirma Menezes. “A evolução do salário médio se deu justamente porque a economia do País está precisando muito desses profissionais.”
Em 2000, o Brasil tinha 141,8 mil engenheiros civis. Dez anos depois, eles eram 146,7 mil. No entanto, apesar do pequeno aumento, a proporção de graduados em Engenharia em relação ao total dos graduados caiu de 2,76% para 1,45%. O mesmo aconteceu com Medicina. O número de médicos cresceu pouco entre 2000 e 2010, saindo de 207 mil para 225 mil. E a proporção no total da população diplomada caiu de 4,04% para 2,23%. “É o que chamamos de apagão de mão de obra qualificada”, resume Menezes.
Cenários semelhantes ocorrem em outras carreiras tidas como mais técnicas, como as demais Engenharias, Odontologia, Estatística e Economia. Isso ocorre porque, apesar de aumentar o número de universitários, cada vez mais os jovens têm procurado os cursos de humanas em detrimento aos de exatas e biológicas.
O número de jovens formados em Administração, por exemplo, subiu de 594 mil para 1,473 milhão entre 2000 e 2010. Dentre os diplomados do País, a participação do grupo saltou de 11,6% para 14,6% no mesmo período. A demasiada oferta teve um reflexo negativo no salário médio da categoria, que atingiu R$ 3.791 em 2010 – um recuo de 17,8% em uma década.
O desinteresse do jovem pelas carreiras de exatas e biológicas, de acordo com especialistas, está ligado à pouca qualidade da educação básica – que também carece de professores de matemática, física e química, aulas supridas, em muitos locais, por professores de outras disciplinas, sem a formação adequada. Sem aprender os conhecimentos básicos de matemática, o estudante passa a não gostar da disciplina e, assim, dificilmente terá interesse em seguir uma carreira ligada à área.
Dados do Censo do Ensino Superior, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que apenas 10% dos universitários brasileiros estão matriculados em carreiras ligadas à Engenharia, Produção e Construção. O grupo formado por Ciências Sociais, Negócios e Direito (que inclui o curso de Administração) representa 41% das matrículas das graduações. A área de Educação (curso de Pedagogia e as licenciaturas) somam 21%.
Pouca oferta. João Luiz Maurity Sabóia, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), destaca também a pouca oferta de vagas de exatas e biológicas nas instituições públicas. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as universidades particulares respondem por 83,2% das matrículas de estudantes no ensino superior.
“A maior parte dessas instituições não está interessada em oferecer cursos de Engenharia ou Medicina, pois eles são muito caros e as pessoas não teriam condições de pagá-los”, diz Sabóia. O encarecimento dos cursos de caráter técnico se dá, principalmente, pela necessidade de investimentos em equipamentos, laboratórios e tecnologia.
“Não há como formarmos um médico ou um engenheiro sem que ele tenha colocado em prática a teoria que lhe foi passada”, afirma Sabóia. “Por questões de segurança, inclusive, tais profissões exigem uma qualificação muito específica que não pode ser transmitida por aulas simplesmente expositivas.”
Segundo o diretor de operações da empresa de recrutamento especializado Robert Half em São Paulo, Fernando Mantovani, as empresas têm se virado como podem diante. “Algumas têm deixado vagas em aberto; outras estão trabalhando na capacitação de profissionais, oferecendo horas de treinamento ou firmando parcerias com entidades ou até com as universidades”, afirma.
Montovani aponta ainda uma terceira saída adotada por algumas organizações, a importação de mão de obra. “Estas ainda são muito poucas, pois ainda é bastante complicado trazer gente de fora para trabalhar no País.”
(Fonte: Tribuna Hoje / Estadão)

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